quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

todo sentimento



Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente
Preciso conduzir
Um tempo de te amar,
Te amando devagar e urgentemente.

Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez,
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez.

Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente...
Prefiro, então, partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente.

Depois de te perder,
Te encontro, com certeza,
Talvez num tempo da delicadeza,
Onde não diremos nada;
Nada aconteceu

Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu

domingo, 4 de dezembro de 2011

tempo escondido

Acordei assustada com o badalar dos sinos e o piscar das luzes que em alto e bom som dirigiam-se a mim: Ei, já chegamos. Não percebeu? Acho que não. Talvez eu tivesse dormido tanto que essas coisas não eram capazes de me tirar o sono. De fato eu não havia notado que tudo estava mais colorido, que surgiam novos cheiros e sons tentando de qualquer maneira chamar minha atenção - em vão, admito. Sempre lutei contra o individualismo, mas nesse momento eu percebo o quão egoísta eu fui durante todo esse tempo em que muitos procuraram me mostrar que as coisas são mais do que simplesmente eu. Não é minha culpa, eu dizia. Pensar nos meus problemas, nos meus afazeres, na minha vida, na minha correria não era uma maneira de querer mostrar que sou melhor ou pior, mas sim uma imposição da mente- aquela velha história. Ora, passou um ano e eu vivi, pelo menos existi. Mas e todo o resto? Calma, dizia Ela para me confortar. Pense em como o seu ano foi produtivo, novos projetos, construção de novas amizades importantíssimas, responsabilidades, amadurecimento. Ah, sim, isso não tenho como negar, sei que cresci, que consolidei muitas coisas em mim. Mas e o resto? eu insitia. Isso não basta? Não sei, ainda tropeço diariamente nessa angústia que comigo sempre caminhou, mesmo que eu lute. E Ela sabe, eu luto. Mas isso já não importa, as luzes estão piscando, logo terão brilhos caindo do céu, ondas puladas e pasme: mais um ano. Não pense que estou triste, sei que o mundo não vai acabar em 2012.  Reflito apenas como muitas coisas passam despercebidas a nossos olhares, como corro contra um tempo escondido esperando os novos brilhos no céu, novos vestidos brancos e tudo simplesmente acontece. Sabe, Ela sempre quis me proteger. Queria que eu tivesse um sono tranquilo e que não visse passar ao meu lado toda aquela angustia trazida pelas olheiras e rostos suados da capital. Em partes, trabalho bem feito. Dormi e dormi e sonhei, no entanto, eu também tinha olheiras. Mal sabe Ela que eu nunca precisei de ajuda, que é mais fácil estar acordada e viver de fato ao invés de dormir abraçada em egoísmo. Mas não se desespere, acordei a tempo de sentir o cheiro das velinhas queimando, de fazer pedidos e escrever cartões.