domingo, 8 de janeiro de 2012

fire to the rain

Olhou para o alto almejando que cada gota daquela chuva pudesse lavar-lhe a alma. Esperou cada pingo acariciar lentamente o seu rosto, ainda que naquele momento fosse incapaz de distinguir o que era chuva, choro ou resquícios salgados de um mergulho no mar. Se deixassem, ficaria ali: pulando, correndo, gritando. Ou dançando como se aquela fosse a última música que passaria por seus ouvidos. Já não sabia como mostrar tudo o que gritava em seu coração e os pensamentos que não lhe fugiam da cabeça um minuto sequer. No entanto, voava um voo tão alto que demoraria a pousar. Aqueles dias puderam despertar ainda mais vontade de viver, sentir e deixar-se levar. Mergulhou, como numa tentativa inútil de esconder o que lhe parecia tão óbvio mas custava enxergar. Contou até dez, e, enquanto as ondas encharcavam o seu vestido já transparente, implorava para que o medo pudesse deixá-la de lado nem que fosse por instantes. Quando, enfim, olhou para o céu, pediu para que tudo iniciasse de maneira diferente. Há quatro segundos para o início do fim e de um (re)começo, deixou seus olhos procurarem por fatais abraços molhados. Foram minutos de explosão. Milhares de luzes mostraram que tudo realmente poderia mudar e, sim, seria possível deixar-se sentir. Reprimiu momentaneamente uma vontade de abraçar o mundo, que naquele instante tinha nome próprio, mas ainda assim estava feliz. percebeu que esse seria um novo ano novo.