quinta-feira, 15 de setembro de 2011

samba a dois

Sempre sambei em vão. 
Naquele dia, porém, notei que algo estava fora do normal. Justo eu que sempre  acreditei estar de bem com a minha liberdade, acomodada na confusão constante do meu pensar. Ora, as palpitações sempre foram perturbadoras, daquela vez, no entanto, as percebi de outra maneira. Não que não assustassem, ainda mais a alguém que tanto medo tem de tudo. Mas por um momento assumi que seria possível sentir- e sem pensar me entreguei.
Tolos são os que querem definir o amor. Admito que por meses fiz parte desse grupo, e por vezes ainda faço. Quis transformá-lo, criá-lo, extinguí-lo sem perceber que crescia naturalmente. E mais, vivia - não apenas na saudade ou nas palavras tocantes.
A cada toque uma descoberta. A cada respiração unida um coração novo.
Nascia um prazer no abraço e do abraço um estopim. Da pele que beijava pele, o suor. Das juras, o gozo. Nascia uma saudade que parecia querer parar qualquer tempo e qualquer hora para apenas aquele entrelaçar de braços.
Aparecia um ouvido. Entre lamentações e alegrias, estava sempre ali. Como se fingisse não saber da loucura que seria entender as inquietações de alguém tão incompreensível. 
Sempre ali. Como se soubesse que existia uma alma precisando dele diante de tempos tão confusos. Foram críticas, discordâncias, eu quis mostrar que poderia criar alguém a meu grado. Ah, bobagem. Não arquitetei os carinhos, os beijos.
E foram tantas coreografias, suados treinos diários que hoje eu danço. Erro os passos, tropeço, mas não sambo mais em vão. Certamente desconheço o que sinto e quem sou, mas sei da existência de alguém que me ajuda diariamente nessas descobertas.

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